Basílica Menor de Santo Antônio do Embaré
Ordem dos Frades Menores Capuchinhos
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Diocese de Santos
A comunidade do Embaré celebrou São Francisco no último sábado (4/10) com alegria e muita fé. A festa reuniu os fiéis em missa solene, na qual o pároco e reitor Frei Paulo Henrique Romêro exaltou os exemplos de vida do santo que se fez pequeno para que Deus se tornasse grande nele. Durante a solenidade, a irmã Genilda Cavalcante do Nascimento fez profissão na Ordem Franciscana Secular, selando seu compromisso definitivo de vida evangélica. Como não podia faltar, após a missa, houve a bênção dos animais que, em virtude da chuva, aconteceu dentro da Basílica.
Foi um sábado muito especial, para celebrar o santo que continua a falar ao coração da Igreja e do mundo inteiro, mesmo passados tantos séculos de sua vida. Francisco é chamado “o pobrezinho de Assis”, mas na verdade foi um homem riquíssimo em Deus, porque soube fazer da sua vida uma oferta de amor radical ao Evangelho.
Francisco era filho de um rico comerciante de tecidos. Na juventude, buscava prazeres, festas, e sonhava com as glórias dos cavaleiros. Mas a graça de Deus o foi transformando e, aos poucos, ele descobriu que a verdadeira riqueza não estava nos bens materiais nem nas honras humanas, mas no Cristo pobre e crucificado.
Frei Paulo, em sua homilia, contou que, de filho do rico Pedro Bernardoni, Francisco tornou-se irmão menor. Renunciou à herança paterna para fazer de Deus a sua única herança; despido de tudo, encontrou no Evangelho a sua veste; de jovem ambicioso, tornou-se combatente da paz e testemunha da alegria. “Viveu o Evangelho na radicalidade: abraçou a pobreza, cultivou a humildade, entregou-se na obediência, mas sobretudo fez-se irmão de todos: homens e mulheres, pequenos e doentes, e até das criaturas da natureza, as quais também chamava de irmãos. Sua vida não foi apenas um belo exemplo de virtude, mas sobretudo, uma tradução viva do Evangelho”, afirmou.
LITURGIA DA PALAVRA
A Liturgia da Palavra proclamada no sábado ilumina a grandeza do caminho percorrido por Francisco. Na primeira leitura, o autor sagrado nos apresentou a figura luminosa do sumo sacerdote Simão, filho de Onias, que durante a sua vida restaurou o Templo e fortificou o santuário, descrevendo sua existência como o brilho da estrela da manhã, da lua cheia e do sol que resplandece.
“Esta imagem se aplica bem a São Francisco, que se tornou luz no meio de sua geração. Não pelo poder humano ou riqueza material, mas por ter deixado Cristo brilhar através de sua vida simples, pobre e obediente. Francisco, como uma estrela, não brilhou por si mesmo, mas refletiu a luz de Deus”, prosseguiu o pároco.
O salmista entoou: “O Senhor é a porção da minha herança”. É exatamente isso que Francisco experimentou. Renunciou às riquezas de sua família, ao prestígio social e até aos seus próprios sonhos, para fazer de Cristo sua única riqueza. Ele descobriu que quem possui Deus, nada mais lhe falta, e por isso pôde viver a verdadeira liberdade dos filhos de Deus.
Já na segunda leitura, São Paulo diz: “Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Conforme explicou Frei Paulo, este versículo é como um retrato espiritual de São Francisco que não buscou glória própria, mas quis ser um reflexo do Crucificado. Por isso, recebeu em seu corpo os estigmas da Paixão, tornando-se testemunha viva da força do amor de Cristo. Francisco não apenas falava de Jesus crucificado, mas trazia em si mesmo as marcas de seu Senhor.
IRMÃO MENOR
O pároco recordou ainda que o Evangelho de Mateus nos recorda que o Pai esconde os mistérios do Reino aos sábios e os revela aos pequeninos. Francisco foi um desses pequeninos: não confiou na própria inteligência, mas se fez humilde, irmão menor, simples diante de Deus. Por isso compreendeu o Evangelho não como uma teoria, mas como vida. Ele se tornou pequeno para que Deus fosse grande nele. E Jesus ainda nos disse: “Vinde a mim vós que estais cansados e fatigados, e Eu vos darei Descanso”. Francisco, no meio de tantas buscas humanas, encontrou esse descanso no coração de Cristo. “Mesmo diante das dores, doenças e incompreensões, Francisco irradiava alegria. Sua vida nos mostra que o jugo de Cristo é suave e o fardo é leve quando é carregado por amor. E é por isso que, já quase cego e doente, ainda cantava: ‘Louvado sejas, meu Senhor’, vendo em tudo um motivo de esperança”, prosseguiu.
Para Frei Paulo, celebrar São Francisco de Assis é celebrar também a nossa identidade. O seu testemunho nos convida a sermos uma Igreja pobre e livre, fraterna e acolhedora, alegre e missionária. E concluiu: “Em um mundo marcado pela indiferença, Francisco nos recorda que todos somos irmãos. Em um tempo de ganância, nos mostra que só Deus basta. Em meio a tanto peso e cansaço, nos aponta o descanso encontrado em Cristo. Que a vida do seráfico pai Francisco, santo tão querido, continue a nos inspirar para sermos também reflexos da luz de Cristo, irmãos menores no meio do mundo, testemunhas de um Deus que é amor”.
BÊNÇÃO DOS ANIMAIS
Após a celebração, donos de cães, gatos, coelhos e pássaros, movidos pela fé, entraram na Basílica do Embaré para a tradicional Bênção dos Animais. Além de Frei Paulo, as orações e bênção foram conduzidas por Dom João Marcos e Frei Eduardo Valvassori, que também aspergiram água benta sobre todos.
O entusiasmo e alegria dos animais, assim como a fé de seus proprietários, podiam ser percebidos já na concentração à porta da igreja. Todos à espera do ato que, além de simbólico, representa um convite à redescoberta da beleza da vida em todas as suas formas, como pregava São Francisco. O santo entendia que todos somos criaturas do meus Deus.